cutucar
azul celeste
verde musgo
sugiro essas medidas hoje por que minha palavra muda como se movem as bolas dos meus olhos na cavidade das órbitas e porque, por isso, talvez, eu ainda acredite que tudo o que reunimos, cada vez que reunimos, apoia um pouco nossa essência. parece que merece o mundo que aprendamos a tocar pela paisagem, que possamos sermos geradores de atrito para nos aquecer ainda de novo. fazer fagulhas ornarem as ondas e, nessas duas posições, longe e perto, perceberemos o conflito como o poder da exuberância, esse esplendor da cauda antiga. para que perdê-la arda toda vez.

ganhei uma ponta de diamante de um amigo.
eu havia sonhado com tubarões na sua casa.
me impressionava como ele tinha mudado.
o silêncio que ele vestia era diferente do que eu me lembrava
- como se eu estivesse me encontrando com um mestre, ele me dava indicações de como lidar com o serviço conjunto pelas maneiras como resolvia os problemas.
seu desenho tinha qualidades completamente diferentes do meu, mas estando juntos, era como se fosse possível criar uma terceira pessoa facilmente. eu era apresentado aos seus afetos. seu coração se abria durante as suas esperas. ele tinha aprendido a medir as coisas de um jeito diferente do que eu me lembrava.
quando se ganha um instrumento de alguém, você recebe junto um convite a fala.
desenhamos juntos e durante nosso encontro eu fiz algumas grafias automáticas. era assim que ele vinha desenhando também - eu queria entender esse impulso.
antes dele, uma outra amiga me havia apresentado a ferramenta e o suporte.
mas havia uma força elétrica.
foi preciso que se passassem anos até que eu pudesse me sentir confortável para gravar
desenhos em vidros. no nosso último encontro ele me presenteou com as fotos que fizemos do milho e me apresentou a sua gata, nuvem. abri o livro de escultura que me deu e encontrei um chapéu quadrado todo emplumado com pequenas penas azuis e amarelas. marquei essa página para um outro dia. agora me lembro da chuva.